O influenciador paraibano Hytalo Santos e o marido dele, Israel Nata Vicente, foram detidos preventivamente na sexta-feira (15) em uma casa em Carapicuíba, na Grande São Paulo, em ação conjunta do Ministério Público da Paraíba (MPPB), do Ministério Público do Trabalho (MPT), das Polícias Civis da Paraíba e de São Paulo e da Polícia Rodoviária Federal.
A investigação do MPPB e do MPT apura exploração e exposição de crianças e adolescentes em conteúdos digitais após denúncias do youtuber Felca, que acusou Hytalo de “adultizar” menores em seus vídeos. Desde 6 de agosto, a Justiça da Paraíba já havia expedido mandados de busca e apreensão, bloqueado suas redes sociais e determinado a desmonetização de seus conteúdos.
Em sua decisão, o juiz Antônio Rudimacy Firmino de Sousa, da 2ª Vara de Bayeux (PB), apontou fortes indícios de tráfico de pessoas, exploração sexual, trabalho infantil artístico irregular e destruição de provas. Segundo o magistrado, a prisão preventiva busca evitar ocultação de elementos e intimidação de testemunhas, práticas que teriam ocorrido após o início das investigações.
Na semana anterior, a Justiça obrigou Hytalo a suspender o contato com os menores envolvidos nos processos e autorizou a apreensão de computador e celulares em outra residência dele, em João Pessoa. Em um primeiro mandado, porém, o imóvel estava vazio e só foi cumprido com arrombamento autorizado pela ordem judicial.
O advogado Sean Abib afirmou não ter tido acesso ao teor da decisão que motivou a prisão e pretende apresentar habeas corpus assim que conhecer os fundamentos. A defesa sustenta a inocência do influenciador, diz que ele sempre colaborou com as autoridades e nega veementemente qualquer ato atentatório à dignidade de menores.
A apuração do MPPB teve início em 2024, dividida entre as promotorias de Bayeux—onde foram relatadas festas com bebidas e adolescentes em topless—e de João Pessoa, que investiga possível esquema de emancipação de menores em troca de presentes. Paralelamente, o MPT analisou mais de 50 vídeos e colheu ao menos 15 depoimentos para avaliar as condições de produção de conteúdo com crianças e adolescentes.