Milhares de palestinos continuam deixando a Cidade de Gaza depois que o Exército de Israel anunciou as primeiras etapas de uma ofensiva terrestre planejada, apoiadas por dias de intensos bombardeios e artilharia pesada. Tropas israelenses já estabelecem uma base nos arredores da cidade, que abriga mais de um milhão de habitantes, em sinal de que a operação visa capturar seus últimos “redutos do terrorismo”, conforme declarou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
O ministro da Defesa, Israel Katz, aprovou a ação em 19 de agosto, e o gabinete de segurança deve analisá-la ainda nesta semana. Cerca de 60 mil reservistas foram convocados para o início de setembro, a fim de reforçar a operação e liberar efetivos da ativa para os combates.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, renovou apelos por um cessar-fogo imediato para “evitar morte e destruição”, enquanto o presidente da França, Emmanuel Macron, advertiu que a ofensiva pode “arrastar a região a um ciclo permanente de guerra”. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha alertou que novos desalojamentos e a intensificação das hostilidades “agravariam uma situação já catastrófica” para os 2,1 milhões de habitantes de Gaza.
Autoridades do Hamas afirmam que a situação nos bairros de Zeitoun e Sabra é “muito perigosa e insuportável”. Ataques recentes teriam matado ao menos 25 pessoas em todo o território, incluindo crianças e suas famílias em Badr, no acampamento de Shati. O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, brigadeiro-general Effie Defrin, afirmou que civis serão avisados para se retirar em segurança e que as tropas visam desmantelar a infraestrutura do Hamas sem atingir reféns, estimados em 50, dos quais apenas 20 estariam vivos.
Enquanto isso, Catar e Egito propuseram uma trégua de 60 dias em troca da libertação de metade dos reféns, oferta aceita pelo Hamas mas rejeitada por Israel, que exige a liberação total. Desde o ataque liderado pelo grupo em outubro de 2023, que deixou cerca de 1,2 mil mortos em Israel e 251 reféns, o Ministério da Saúde de Gaza registra 62.122 mortes no território, segundo dados citados pela ONU.