A China redefiniu sua indústria automotiva em poucas décadas, saindo da era da bicicleta estatal para liderar tecnologias como carros voadores, veículos que pulam sobre buracos e táxis autônomos, segundo reportagem da série “Código Chinês” do Fantástico.
Nos laboratórios e pistas de testes chineses, protótipos de carros voadores já decolam, alimentados por turbinas elétricas de alta eficiência. Outros modelos equipados com suspensão ativa literalmente saltam ao encontrar um buraco, enquanto sistemas de giro em 360 graus eliminam a necessidade de manobras de baliza.
O mercado doméstico, antes restrito à clássica bicicleta “Pombo Voador”, virou uma potência global com mais de 100 marcas de automóveis e painéis internos quase como salas de estar, integrando entretenimento, mapar e até massagem nos bancos. Uma fábrica da GM em parceria 50% com o governo chinês foi erguida em tempo recorde, servindo de escola para engenheiros, designers e administradores absorverem know-how internacional.
Após um período de reprodução e “homenagens” a modelos estrangeiros, montadoras chinesas deixaram de copiar para inovar. A decisão estratégica de substituir motores a combustão por elétricos foi impulsionada pela escassez de petróleo e reforçada por uma infraestrutura de 11 milhões de pontos de recarga – contra 196 mil nos EUA e 12 mil no Brasil.
Em Wuhan, epicentro da transformação, testam-se carros elétricos em cenários reais, ao lado de robotáxis que funcionam por comando de voz e identificam passageiros a partir do final do número de celular. A produção de um veículo autônomo custa US$ 27 mil na China, ante US$ 200 mil nos Estados Unidos.
O avanço impulsionou tensões comerciais: carros chineses custam até um terço dos preços ocidentais e provocaram tarifas de até 250% impostas pelos EUA. A resposta chinesa veio além de retaliações, valendo-se de seu domínio em terras-raras, como o neodímio, essencial para fabricar ímãs de motores elétricos.
Enquanto o Ocidente ainda aposta em modelos tradicionais, a China alimenta ambições intercontinentais e avança para tornar seus veículos inteligentes parte do dia a dia global. O futuro da mobilidade parece estar acelerando em Xangai, Pequim e além, desafiando quem não acompanhar essa corrida tecnológica.