anta Dica de Goiás: a história de cura, revoluções e criação de Lagolândia

anta Dica de Goiás: a história de cura, revoluções e criação de Lagolândia

Por mais de um século, Benedita Cipriano Gomes, conhecida como Santa Dica de Goiás, permanece como uma figura emblemática de fé, resistência e liderança na região de Pirenópolis. Nascida em 13 de abril de 1905 na fazenda Mozondó, ela ficou marcada por seus feitos de cura, envolvimento em revoluções e pela criação do povoado de Lagolândia, localizado a cerca de 40 km de Pirenópolis. Em 2025, seu legado completa 120 anos, e seus seguidores e familiares lutam para que sua história não seja esquecida.

Desde o nascimento, a trajetória de Dica foi repleta de acontecimentos surpreendentes. Considerada morta na primeira vez, ela foi vítima de uma catalepsia que, na época, foi interpretada como uma ressurreição. Ao longo dos anos, seus feitos foram registrados em documentários, livros e filmes. Um dos principais registros é o livro “Santa Dica: História e Encantamentos”, escrito pela historiadora Waldetes Aparecida Rezende, que há quarenta anos vive em Lagolândia e dedicou-se a documentar sua história.

Segundo Waldetes, a história de Dica começou a ser conhecida após a sua própria pesquisa. Ela conta que, após o nascimento, a família de Dica, devota de São Benedito, preparava-se para sepultá-la, quando ouviram seu choro e perceberam que ela estava viva. A história de sua ressurreição e seus milagres foram transmitidos de geração em geração, reforçando sua figura como uma mulher mística e poderosa.

Waldetes explica que sua motivação para estudar a vida de Dica surgiu do desejo de comprovar a veracidade dos relatos. “Fui pesquisar documentos, jornais e certidões, e consegui confirmar grande parte do que ouvia. Assim, pude entender a importância dela para a história de Lagolândia”, afirma. O livro, que já está na terceira edição e vendeu mais de 3 mil cópias, ajudou moradores a conhecerem melhor a trajetória de Dica e seu impacto na formação do povoado.

Maria das Dores Camargo, de 61 anos, moradora de Lagolândia e dona de uma loja de artesanato, também conhece a história de Dica através das palavras de Waldetes. Ela relembra que, na infância, ouviu falar de uma mulher guerreira, acolhedora e que lutou pelo povoado. “Ela acolhia todo mundo com comida, oração e benzimentos. Uma pessoa muito especial”, destaca.

Apesar de nunca ter se considerado uma “santa”, foi assim que Dica ficou popularmente conhecida. A historiadora ressalta que o apelido surgiu inicialmente com certo ceticismo, especialmente pelos jornais da época, que noticiavam seus relatos de cura, conversas com anjos e guias espirituais, como Rainha Silvéria, José Sueste (Rei-de-Valia) e o comandante José Gregório, morto em batalha.

Hoje, a memória de Santa Dica permanece viva na cultura local, como símbolo de fé, resistência e esperança. Seus feitos continuam inspirando gerações e reforçando a importância de preservar a história de uma mulher que marcou a história de Goiás com seus milagres, revoluções e a fundação de Lagolândia.

Deixe um comentário