Sobe para 284 o número de cavalos mortos após consumo de ração contaminada por alcaloides pirrolizidínicos, informou o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) nesta quarta-feira (23).
O caso inédito já vitimou equinos em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas. Animais que não ingeriram a ração permanecem saudáveis, mesmo quando alojados nos mesmos estábulos.
Nesta quarta, foi revogada a decisão judicial que permitia à Nutratta Nutrição Animal Ltda produzir e comercializar rações não destinadas a cavalos. Com isso, volta a valer a suspensão cautelar imposta pelo MAPA, que impede qualquer atividade da empresa até a correção das irregularidades apontadas pela fiscalização.
O MAPA ressalta que a fabricante ainda não comprovou a regularização de todas as falhas identificadas. Em nota, o órgão afirma que todos os equinos adoecidos ou mortos consumiram produtos da Nutratta.
“É a primeira vez que identificamos essa substância em ração para equinos”, declarou o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart. Ele destacou o caráter inédito e a gravidade da contaminação, que pode causar danos neurológicos e hepáticos mesmo em doses mínimas.
Procurada pelo g1, a Nutratta não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.
A investigação teve início em 26 de maio, após denúncia de mortalidade em diferentes propriedades. Amostras analisadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) confirmaram a presença de alcaloides pirrolizidínicos, substâncias proibidas por lei.
Segundo o MAPA, a contaminação ocorreu por falha no controle da matéria-prima, que continha resíduos de plantas do gênero crotalaria. Esses alcaloides alteram o DNA das células e provocam lesões no fígado, com efeitos variando conforme dose e tempo de exposição.
O ministério aguarda agora resultados de análises de outros lotes de ração e de matérias-primas para definir os próximos passos da apuração.