Onze senadores democratas enviaram carta à Casa Branca classificando como “claro abuso de poder” a ameaça de Donald Trump de impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros. Eles afirmam que o objetivo é interferir no Judiciário do Brasil para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e não tem relação com déficit comercial, já que os EUA registraram superávit de US$ 7,4 bilhões em bens com o país em 2024.
No documento, os parlamentares apontam que a investigação via Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 busca forçar o sistema legal brasileiro a interromper acusações contra Bolsonaro, que é processado por tentar minar eleições e planejar um golpe de Estado. Eles classificam essa manobra como perigosa e passível de precedentes danosos.
Os senadores destacam o risco econômico: o Brasil exporta mais de US$ 40 bilhões por ano aos EUA – incluindo quase US$ 2 bilhões em café – e sustenta cerca de 130 mil empregos americanos. A ameaça de guerra comercial elevador custos para famílias e empresas nos Estados Unidos e abriria espaço para retaliações brasileiras.
Além do impacto financeiro, o grupo alerta que a escalada de tensões poderia aproximar o Brasil da China, justamente num momento em que os EUA buscam conter a influência chinesa na América Latina. Eles citam projetos de portos e ferrovias brasileiros com empresas estatais chinesas como exemplos dessa aproximação.
Nesta sexta-feira (25), uma comissão de senadores brasileiros desembarca em Washington para negociar o chamado “tarifaço”, mas foi informada de que Trump não autorizou nenhum canal oficial de diálogo com o Brasil. Na quinta (24), o encarregado de negócios dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, declarou interesse americano em minerais estratégicos brasileiros.
Em pronunciamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou a soberania nacional sobre o petróleo, o ouro e os minerais do país: “Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro.”
A carta é assinada por Tim Kaine, Jeanne Shaheen, Adam B. Schiff, Richard J. Durbin, Peter Welch, Kirsten Gillibrand, Mark R. Warner, Catherine Cortez Masto, Michael F. Bennet, Jacky Rosen e Raphael Warnock.