Um terremoto de magnitude 6,0 atingiu as províncias de Kunar e Nangarhar, no leste do Afeganistão, na madrugada desta segunda-feira (1º), deixando ao menos 812 mortos e mais de 2.800 feridos. O tremor, um dos mais graves dos últimos anos no país, destruiu vilarejos inteiros em uma região montanhosa dominada por construções de barro.
O epicentro, localizado a apenas 8 km de profundidade, intensificou o impacto e fez o tremor ser sentido até em Cabul e na capital paquistanesa, Islamabad. Chuvas recentes e enchentes haviam fragilizado ainda mais o terreno, ampliando os riscos de deslizamentos.
Equipes de resgate, muitas vezes dependentes de helicópteros por causa do relevo íngreme, continuam a busca por desaparecidos. “O número de mortos e feridos é alto, mas como a área é de difícil acesso, nossas equipes ainda estão no local”, informou o porta-voz do Ministério da Saúde, Sharafat Zaman, que alerta para aumento das vítimas.
Centenas de feridos foram levados a hospitais locais, onde profissionais chegam a receber um paciente a cada cinco minutos. A ONU mobilizou agências para prestar ajuda em quatro províncias, enquanto o governo talibã anunciou que “todos os recursos disponíveis serão utilizados para salvar vidas” e pediu socorro internacional.
Analistas apontam que o retorno do regime talibã ao poder em 2021 secou parte dos fundos de ajuda estrangeira voltados a desastres naturais, dificultando o atendimento emergencial. O Afeganistão situa-se na cordilheira Hindu Kush, área de intensa atividade sísmica pelo choque das placas tectônicas da Índia e da Eurásia.
Só em 2024, terremotos já haviam deixado cerca de 1.000 mortos no país, reforçando o caráter recorrente desse tipo de tragédia e a vulnerabilidade das populações que vivem em habitações precárias.