A Polícia Federal apura que R$ 2,4 milhões desviados de contratos emergenciais da pandemia no Tocantins foram usados na construção da Pousada Pedra Canga, na Serra de Taquaruçu, registrada em nome de Rérison Antônio Castro Leite, filho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos).
As investigações indicam que os repasses aconteceram entre 21 de junho de 2022 e 30 de julho de 2024, com recursos públicos desviados de emendas para cestas básicas e frangos congelados, pagos sem licitação em razão do estado de emergência em saúde pública.
Em decisão do ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Barbosa foi afastado do cargo por seis meses sob a suspeita de chefiar a organização criminosa responsável pelo esquema. A medida será submetida ao plenário do tribunal.
A PF destaca uma conversa interceptada em que Rérison menciona que o governador não queria aparecer como proprietário da pousada, e os aportes foram disfarçados como “investidor-anjo” para ocultar o verdadeiro controlador.
Além da pousada de luxo, o dinheiro desviado teria sido usado na compra de cabeças de gado e em despesas pessoais dos envolvidos. Ao todo, a operação mira fraudes em contratos que podem ter pago por até 1,6 milhão de cestas básicas nunca entregues.
Em nota, Wanderlei Barbosa afirmou respeitar a decisão do STJ, mas classificou o afastamento como “medida precipitada” e ressaltou que as aquisições ocorreram na gestão anterior, quando atuava como vice-governador. Ele também determinou auditorias internas nos contratos da pandemia.
O governo do Tocantins informou que a Procuradoria-Geral do Estado e a Controladoria-Geral do Estado já instauraram processos para apurar os contratos em questão e que transmitirá todas as informações às autoridades competentes.
Os próximos passos incluem análise do afastamento pelo plenário do STJ e possíveis desdobramentos em ações penais, enquanto a defesa de Wanderlei Barbosa ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações.
